SENHORA CIDADE
autoria de: Nonato Lopes
Aos 14 de agosto
Do ano de 1958
Após calorosos debates
E uma história tamanha
O município de Côcos
É desmembrado
Com grande brado
Do território de Carinhanha
Seu pitoresco nome provém
Do coco-babaçu
E de outros cocos também
Como o famoso buriti.
Nossa sede é saciada
De forma privilegiada
Com as águas do Itaguari
Mas, ainda
De maneira linda
Outros rios e córregos
Correm, desde o seu princípio
Em nosso fértil município
Carinhosamente o Carinhanha
De orgulho nos banha
Refrescando a memória
Revivendo a história
Para reverenciar
O popular “Seu” Alípio
Falo do homem
Do primeiro paralelepípedo
Porém, também conhecedor
Da gente da lavoura
Falo do nosso primeiro gestor
Alípio José de Moura
Nossa Terra sempre foi acolhedora
Repleta de glórias e deveras gentil
Conta a nossa rica História
Que por aqui se instalaram
Miseráveis forasteiros
Ávidos aventureiros
E emergentes fazendeiros
De diversas partes do Brasil
É sempre bom caminhar
Sob o céu de Côcos
Paira paz no ar
E todos transitam
Livres, leves e soltos
Mesmo com alguns
Com mais
E muitos com pouco
Entre os tidos como normais
E os ditos loucos
Os sonhos não são iguais
É tanta gente capaz
Nesse caso tanto faz
Se mentes, cabeças ou cocos
O que importa
É abrir as portas
Para a felicidade
E, para o amor
Sempre dizer bis
Cidade feliz
Cinqüenta anos de idade
Côcos, uma Senhora cidade!
A sua maturidade
É quem diz
Côcos, BA, 24/02 e 01/03/2008
A velha Casa
Autoria de Reverendo Sebastião Pereira Cruz
Casa grande, velha e confortável
Paredes grossas de adobe cru
Incrustadas no imenso sertão baiano
Às margens do caudaloso Itaguari
A velha casa, hospitaleira estava lá.
Quartos grandes, camas de catre
colchão de lã de barrigudinha, paineira retirada da própria região
Lençol de algodão cheirando,
Pois lavado com sabão de coada
Nas águas límpidas e cristalinas do Itaguari
Cozinha grande, enfumaçada e fogão de lenhas
Panelas, caçarolas e chaleiras areadas com sabão e cinza
Tábua de rapadura na parede
Pratos e bule esmaltados
Despensa farta de carne seca, sacos de arroz com casca
Colhidos lá mesmo na vazante fértil de terra boa
Feijão catador, colhido no ano de boa colheita
Toucinho com fartura e cumbuca de ovos frescos
Das galinhas barulhentas que botam nos cantos da casa
Muita coalhada, requeijão, biscoitos de tapioca
Guardados em sacos de algodão cheirando limpeza, asseio
Sala grande para refeições, e cultos também
Bancos encostados nas paredes em quantidade
Roda de feiar e um enorme caixão de farinha
E lá no cantinho da sala a atrevida e barulhenta
Galinha faz seu ninho que após botar o ovo
Sai espavorida anunciando a todos o acontecido
Velha casa, hospitaleira e aconchegante
Onde tinha a sua hospedagem garantida, o viandante
Quantos cultos animados e pregações bonits e inspiradas
AL[i foram realizdos com reverência à moda do local!
Quantas reuniões de oração e Escola Dominical
Que após um papo descontraído,
o dirigente chama todos os presentes assim:
“vamos começar a nossa....”
Quantos cultos noturnos com toda a vizinhança!
Nas noites enluaradas ou escuras com lamparinas na mão
E após os mesmos, os cafés com biscoito
E o saboroso requeijão
Não faltava de jeito nenhum a prosa dos compadres
Os entre-olhados desconfiados dos namorados
Mas a velha e hospitaleira casa um dia ficou vazia
Seus moradores a desocuparam
E para outra morada foram habitar
Deixando a todos nós saudades de dias felizes
Recordações da velha cozinha e cozinheira – que cozinheira!
Da mesa farta e da prosa boa sim
Lá agora só nos causa saudades... e muitas saudades!
Acabou, desapareceu a querida velha casa
Às margens do rio Itagauri.
Esta poesia foi escrita pelo pastor Sebastião Pereira Cruz,da Igreja Presbiteriana de Cõcos. São lembranças da velha casa onde passou sua infância na Fazenda São Domingos, às margens do rio Itaguari.(do livro Recordaçaões &saudades)
Sebastião Pereira Cruz , nasceu em Côcos Bahia, é pastor jubilado, mora hoje em Campo Grande-MS
Suas obras: Recordações & Saudades (memórias) Campo Grande – MS – dezembro de 2008
Vocabulário:
Asseio - limpeza
Adobe: são tijolos de terra crua, água e palha e algumas vezes outras fibras naturais, moldados em fôrmas por processo artesanal ou semi-industrial.
Cama de catre: camas simples, pobres
Cumbuca - Vaso feito de cabaça na parte superior da qual se fez uma abertura circular, e destinado principalmente a conter água ou qualquer outro líquido;
Espavorida - assustada
Feijão catador - é o feijão de corda que com pouca chuva produz e sustenta os moradores
Lamparinas - iluminação à base de fogo, sendo alimentado por querosene ou óleo
Panelas areadas - como a louças eram lavadas às margens de um rio, as mulheres esfregavam areia panelas de ferro ou de cobre até ficarem brilhando.
Sabão de coada - feito com cinza em lugar da soda... e gordura animal, era muito usado para lavar a roupa
Vazante - Qualquer terra baixa e plana, temporariamente alagada, ao longo dos rios, lagoas e aguadas; várzea
Viadante – quem anda, viaja
Tio Tião. Quanto tempo que não o vejo. Saudade do tempo que era feliz e não sabia.
ResponderExcluirobrigada pela presença e seu comentário. Tiao esteve em cocos lançando um lindo livro, do qual tirei esta poesia.
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